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Regulação das emoções na primeira infância.


Segundo a Terapia de Esquemas Jeffrey Young (2003), durante nosso desenvolvimento temos necessidades a serem atendidas. Cada criança nasce com seu temperamento e isso influencia como responderá ao seu meio e a sua carga genética. A primeira necessidade da criança é Aceitação e Pertencimento, pois quando nascemos necessitamos de um adulto que nos compreenda, nos ame, nos cuide e se conecte emocionalmente conosco. Partindo para as duas próximas necessidades de desenvolvimento temos Autonomia e Competência Adequada, e Limites Realistas. Nestas etapas a criança irá desenvolver seu senso de competência, o que é capaz de fazer, o que lhe faz bem fazer e afirmar isso na sua identidade. Posteriormente, compreender que os outros também possuem necessidades e precisam ser empáticos com o próximo e não podem fazer tudo que tem vontade.

A partir dos 18 meses a criança começa a explorar mais os ambientes e a expressar suas necessidades e suas vontades. Sabemos o quanto isso é esperado e importante para o seu desenvolvimento. Neste período observamos que os familiares, cuidadores, professores precisam ampliar seu repertório para lidar com algumas descargas emocionais chamadas muita vezes de crises de birra.

O primeira passo é a compreensão do nível de desenvolvimento da criança, o que é esperado para a idade dela, relacionando com seu temperamento e as estratégias usadas pelo meio para lidar com as situações. No trabalho da regulação emocional é importante nomear a emoção. Cada emoção tem um nome e vem indicar um tipo de desconforto e necessidade com objetivo de nos deixar saudáveis e seguros. Não é esperado que crianças na primeira infância saibam regular suas emoções, pois o cérebro não está pronto para realizar este processo complexo. O adulto deve compreender suas emoções para poder avaliar com maior clareza a situação e intervir de forma que gere aprendizado para a criança.

Os estudos sobre as estratégias disciplinares vem avançando e são experiências novas para alguns pais que pretendem mudar o padrão de educação que tiveram, no entanto nem sempre esta é uma tarefa fácil. A empatia e validação para com a criança neste momento são sugestões padrão “ouro”. A empatia é a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa, imaginando-se nas mesmas circunstâncias. A validação é o movimento que considera verdadeiro aquilo que o outro pensou ou sentiu. Ou seja, o que aconteceu com a criança para ela ter ativado determinada emoção e não está conseguindo expressar o que ocorreu. O adulto tentando compreender a sua emoção e a da criança tem a alternativa de validar sua emoção, e não necessariamente o que a criança fez.

Emoções são geradas nas entranhas profundas do cérebro do seu filho. Ele não escolhe suas emoções, e não existe a ideia de emoção “errada”. Seu filho tem razão para ter o sentimento dele, mesmo quando ele não sabe conscientemente quais são estas razões. Você pode ensinar seu filho que sentimentos são sempre válidos, mas algumas ações nem sempre são corretas. Você pode dizer “tudo bem ficar bravo, se eu fosse você também teria ficado, mas machucar alguém não é legal”. Podemos oferecer caminhos calmos, como respirar fundo, cheirar flores, escutar música suave, acariciar um bicho de pelúcia ou brincar com a água.

Essa é a essência da regulação emocional: alguém respondendo ao que efetivamente está acontecendo no momento, processando os sentimentos com você. Trata-se de um reconhecimento do self psicológico, do pensamento e do sentimento propriamente dito. Toda esta conduta validante e empática gera maior conexão com a criança e ela acaba aprendendo a lidar com as situações difíceis do dia a dia se tornando mais resiliente.Dar afeto físico amoroso a seu filho altera benéfica e literalmente a química do cérebro dele.

Crianças pequenas são extremamente sensíveis a comunicações não verbais. Os bebês entram em sintonia com os rostos humanos e procuram ativamente por conexões com adultos a sua volta. Para gerar conexão com seu filho basta um toque ou olhar amoroso, quer que seja sutil, como um aperto de mão, ou mais expansivo, como um abraço apertado e carinhoso. Isto tem o poder de fazer a criança se sentir aceita, compreendida e com a aprendizado de ampliar seu repertório de respostas nas próximas situações difíceis.


Gláucia Machado Moreira Domingues

Psicóloga 12/07354

Bibliografia:

Gerhardt, S. Por Que o Amor é importante: Como o afeto molda o cérebro do bebê. Porto Alegre, Artmed, 2017.

Nelsen, J. Erwin, C. Duffy, R. A. Disciplina Positiva para crianças de 0 a 3 anos: Como criar filhos confiantes e capazes. São Paulo, Manole, 2018.

Siegel, D.J. Bryson, T.P. Disciplina sem Drama: Guia Prático para ajudar na educação, desenvolvimento e comportamento dos seus filhos. São Paulo: Nversos, 2016.

Young, J. E., Rygh, J. L., Weinberger, A. D., Beck, A. T. (2016). Terapia cognitiva para depressão (R. C. Costa, Trad.). In Barlow, D. (Org.), Manual clínico dos transtornos psicológicos (5a ed., pp 275-330). Porto Alegre: Artmed (Obra original publicada em 2013).


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